quinta-feira, 5 de junho de 2014

Procuro-te no Mundo


Fecho os olhos e procuro-te nesse mundo dos sentidos que fica sob as nossas pálpebras.

Percorro caminhos ínvios por dentro de mim, sempre a passo lento e curto, palmilhando esta cidade subterrânea e mágica, esta cidade interior, única e encantada. Encantada de nós. Ainda ontem eras matéria nestas praças, nestas ruas; ainda ontem te conseguia alcançar, numa dança de toques furtivos e tremores de pele; ainda ontem fazias nascer flores nas bermas dos meus olhos, fazendo sorrir a própria Primavera. Fecho os olhos e procuro-te no meu mundo, sabendo que só aqui te encontrarei, e no entanto numa alquimia que só mágicos como nós percebem, pressinto que é neste mundo que jamais te encontrarei.

És sazonal e livre como os malmequeres do campo e deixas cair o brilho das manhãs quando te (a)colhem.

És sazonal e livre como os humores da Primavera e sempre que te quero sol e brilho, ofereces-me a ventania nos cabelos e a chuva fresca nos meus olhos.

 

Fecho os olhos e procuro-te. No mundo.


Olívia Santos

4 comentários:

  1. Olívia, minha querida amiga, adorei este poético texto. Procurar de olhos fechados. Ser sazonal e livre. Muito belas as imagens.
    Um beijo.

    ResponderExcluir
  2. Boa noite,
    sua criatividade que é enorme, consegue encantar num todo, procurar sem desesperar vale sempre a pena.
    Abraço
    ag
    http://momentosagomes-ag.blogspot.pt/

    ResponderExcluir
  3. Uma procura incessante que move montanhas.

    Belo.

    beijinhos

    ResponderExcluir
  4. Lindíssimo!
    Além da beleza em si, a noção da (im)possibilidade do encontro... neste mundo!
    Muito bom!

    ResponderExcluir